sábado, 7 de março de 2009

A construção do moderno na pintura brasileira


Moema
Óleo sobre tela, 129 X 190 cm, 1866
Acervo do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand MASP.


Moema porque dormes ai.? acorda!!, levanta-te!!, caminha..já es morta..morreu de amor, amor ou desilusão? porque quando morre de amor, dizem: disiludiu-se.., ora, acorda, seu corpo grego ainda estas intacto, seu rosto mostra os traços da dor, a dor da perda do amado que foi? ou a dor de ter esse corpo de mulher? meu amor levastes meu coração, pra que serve esse copro sem coração, resgata-se ele!! não morras por amor por apenas um dia, mas morra de amor em todas as manhãs, porque hoje já foi! e amanhã... chegará tão rápido que seus lábios não sentirão os beijos de amor que um dia foi tão seu.. acorda Moema!! o mundo não foi feito para mulheres que morrem de amor..


O nome Moema é de origem tupi, evocando um signo de brasilidade. Alude à heroína do poema Caramuru de Santa Rita Durão, personagem que se lançou ao mar para alcançar a nau que levava o homem que amava, nadando até a exaustão e morte, embora esse tenha levado consigo outra mulher, sua esposa Paraguaçu. Em Caramuru, a personagem Moema protagoniza um drama de amor e rejeição, sem medir conseqüências.No

Coli, traçando um paralelo entre a obra e o poema de Charles Baudelaire, La chevelure, assim analisa a obra:
“Da mórbida necrofilia à úmida e negra medusa dos cabelos, perfumada por odores tropicais saturados de óleo de coco; da água acariciante à ambígua imobilidade do corpo soberbo, uma sensualidade perpassa pelo poema e pela imagem. Moema concentra fortes pulsões desabrochadas nas “Flores do Mal”. Estes anos de 1860 insistem no corpo feminino alongado, com as forças abandonadas, exposto, entregue. Corpos ofertos, tomados pela gravidade, inertes como as longas cabeleiras esparramadas. (...) Moema é mais baudelairiana de todas. Nela se encontram os perfumes capitosos das plagas longínquas, a cor acobreada capaz de acionar um erotismo baseado no estranhamento. Nela o pressuposto do navio que se vai. Nela, ainda, a dádiva do corpo magnífico que é quase um cadáver, o repouso e a morte entrecruzados. (...) Os volumes poderosamente sintéticos, geometrizados, do corpo de Moema, o sombreado definido com poucas transições, o contorno implacável, tornam espiritualizado – não há outra palavra – o insistente tema erótico. (...) A tela conjuga a grande obsessão sensual do tempo, que se repete incansavelmente nas artes internacionais, com o romantismo indianista que se carrega aqui de maresias longínquas. Porque Meireles opera a transfiguração estilística capaz de conduzir a imagem para a fronteira tênue entre a sedução sensível e a beleza da forma”.


Vitor Meireles busca inspiração em obras como de Ticiano que retrata Vênus



Sleeping Venus
Giorgione, c. 1510
Óleo
108,5 × 175 cm
Gemäldegalerie Alte Meister, Dresden


outra obra parecida



Nascimento de Vénus
Alexandre Cabanel, 1863
óleo sobre tela
130 × 225 cm
Museu d'Orsay, Pari

A construção do moderno na pintura brasileira (1860 – 1960)

primeira obra analisada-



Vitor Meireles pinta o quadro primeira Missa no Brasil depois de um estudo detalhado da carta de Pero Vaz de Caminha enviada ao rei Dom Mauel, testemunho linguistico de 1500
O quadro foi pintado após 360 anos, resgata a identidade idealizada do descobrimento do Brasil, uma obra académica de estilo romantica.