quinta-feira, 26 de março de 2009

Entre os muros da escola

"Entre os Muros" mostra dilema de uma França multiétnica
SÃO PAULO - A escola como caixa de ressonância da sociedade civil, como instância em que todos os grupos étnicos e sociais se misturam, na tentativa de encontrar um denominador comum. Tudo isso e muito mais flui de "Entre os Muros da Escola", o filme de Laurent Cantet que acabou com o jejum francês de Palmas de Ouro em 2008, depois de 21 anos em branco no Festival de Cannes.

É possível fazer essas e muitas outras leituras da história, que retrata uma escola pública secundária numa periferia de Paris, apoiada num roteiro desenvolvido a partir do livro homônimo e recém-lançado no Brasil do professor François Bégaudeau. O próprio Bégaudeau, aliás, interpreta o papel do professor, cercado de alunos também reais, todos eles recriando situações efetivamente vividas por todos, ainda que parcialmente, em salas de aula.

Esse sabor de vida real dá credibilidade aos dilemas do professor quando enfrenta uma classe cheia de alunos de 14 e 15 anos, das mais diversas etnias, cores, religiões e condições econômicas e ainda acelerados pelo natural turbilhão hormonal de sua idade.
O filme de Cantet, diretor de "Em Direção ao Sul" (2005), "A Agenda"(2001) e "Sanguinaires - A Ilha do Fim do Milênio" (1997), tem muito a dizer a outros países também, inclusive o Brasil. As diferenças aqui podem ser outras, mas são igualmente dramáticas. Muitos professores brasileiros, aliás, deverão sentir-se na pele de François, em seus esforços, dilemas e contradições. Que atire a primeira pedra quem nunca perderia a cabeça em situações como as que ele enfrenta.

(Por Neusa Barbosa, do Cineweb)

O filme traz uma França real, várias etnias se encontram no mesmo lugar e não abrem mão de suas origens. Um diálogo que chama atenção é quando uma aluna diz que não se sente uma francessa.